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NRE Curitiba

08/10/2015

Professora Quelen e Colégio Estadual Dom Pedro II – tornando a inclusão uma realidade

A sala de recursos multifuncional da Escola Dom Pedro II destina-se ao atendimento de pessoas cegas, de baixa visão ou outros acometimentos visuais (alta refração e doenças progressivas). Em turno contrário a escolarização é garantido o atendimento educacional especializado e acesso aos recursos.

Entre o público atendido constam alunos de cursos de graduação e alunos de diversas escolas da região, tanto de ensino fundamental quanto ensino médio.

Ao entrar nesta sala percebe-se em um dos cantos, uma estante repleta de recursos didáticos, muitos dos quais planejados e construídos pela própria professora. Há um espaço no qual os alunos utilizam computadores para ler o material didático e se comunicar, utilizando recursos online e off-line.

Em outro espaço, quatro alunos sentam-se em volta de uma maquete de uma quadra de basquetebol, estão estudando o conteúdo da disciplina de Educação Física. As linhas são feitas em auto-relevo, e bonecos são utilizados para demarcar os jogadores. Pedaços de canudos recortados são colados com massa de moldar na cabeça de alguns bonecos, de forma a indicar quais são os jogadores pivôs, já que estão estudando o posicionamento tático na quadra. Os detalhes em relevo nos bonecos permitem diferenciar a qual time eles pertencem, já que dois dos estudantes, Michel e Yorhanna são deficientes visuais. Já Guilherme e Giovana estão ali por voluntariado. São colegas de sala do terceiro ano do ensino médio, e frequentam a sala multifuncional, atendendo a um convite feito pela professora Quelen para participar de um Projeto de Aprendizagem Colaborativa.

A aluna Yorhanna conta qual a diferença que a sala multifuncional faz para sua aprendizagem. Segundo ela, em sua turma existem mais três alunos deficientes visuais, e os professores nem sempre sabem qual a melhor forma de transmitir alguns conhecimentos que normalmente fazem utilizando recursos visuais, como tabelas e imagens, aos alunos com deficiência. Ao participar na sala multifuncional a professora Quelen consegue, em parceria com os demais professores, criar estratégias e recursos que permitem melhor compreensão sobre o conteúdo. Um exemplo é uma atividade criada por acadêmicas do Curso de Licenciatura em matemática da UFPR Kátia Stachiwvudala e Julie de Fátima Querino, que ao realizar estágio ali, propuseram a construção de um recurso didático em isopor, o qual permite através do tato uma melhor compreensão sobre o teorema de Pitágoras. O método foi utilizado em sala de aula com todos os alunos do 9º ano e aprovado.

A professora Quelen relata que no início os professores não sabiam muito bem como se daria a relação entre a sala multifuncional e as aulas regulares. Então ela realizou um trabalho junto aos professores, conversando sobre os conteúdos, objetivos, de forma a discutir e planejar o trabalho.  Possibilitando assim, não apenas melhores condições de aprendizagem aos alunos atendidos, mas auxiliando os professores a pensarem novas estratégias para suas aulas. O receio do início se tornou parceria, e agora são os professores que a procuram com ideias e dúvidas. Não é difícil encontrar algum professor que em sua hora atividade vai até a sala multifuncional conversar com a professora Quelen, seja para trazer atividades que elaborou, seja para discutir ideias para serem utilizadas em suas aulas. Também utilizam esse espaço para oportunizar atendimento individualizado aos alunos durante a Hora Atividade.

O aluno Michel afirma que já encontrou situações difíceis na escola, onde às vezes tinha sua aprovação e suas notas facilitadas. Para ele, atitudes como estas não o auxilia, pois não deseja tratamento diferenciado, já que possui capacidade de aprender, e deseja ser cobrado de forma igualitária. Michel relata que algumas vezes as pessoas o tratam como se deficiência fosse doença, subestimando suas capacidades.
Já para os alunos Giovana e Guilherme, voluntários, participar da sala multifuncional é uma oportunidade de ajudar o próximo. Guilherme relata que mesmo trabalhando, busca conseguir tempo para participar das atividades. Já Giovana questiona: se você pode ajudar, por que não o fazer? E logo fica claro que não têm apenas a oferecer, pois, como já dizia Paulo Freire, "aprende quem ensina e ensina quem aprende". Se Giovana e Guilherme conseguem ajudar em determinados conteúdos, em outros são ajudados.

Para Giovana a deficiência é compensada com o aumento de outras capacidades. Segundo ela, alguns conteúdos e conceitos que tem dificuldades em serem compreendidos em sala por ela são melhor compreendidos por Yorhanna e Michel. Assim a participação na sala acaba se tornando uma troca de conhecimentos, onde todos crescem juntos. Devido a esta troca Giovana e Guilherme afirmam que suas notas melhoraram depois que começaram a participar da sala multifuncional. Se os conteúdos baseados em imagem são mais difíceis de compreensão para Yorhanna e Michel, quando se trata de questões teóricas é o inverso. Uma maior facilidade com a comunicação falada e a memória os permite compreender melhor alguns conteúdos que os colegas.

Quanto ao futuro, Michel e Yorhanna afirmam que desejam fazer graduação. Yorhanna diz que quer se formar, ter seu dinheiro, sua carreira. Para realizar este objetivo a sala multifuncional faz toda a diferença, pois garante o acesso ao conhecimento de qualidade, que será a base para a aprovação no vestibular e para a realização do curso sonhado, ela de Direito ou Jornalismo e ele de Psicologia.
Os ganhos não se dão apenas quanto ao conhecimento, mas também no relacionamento entre eles.

O convívio ajudou a dissipar as barreiras da vergonha, possibilitando-os se conhecer melhor e se tornarem mais próximos. Para Giovana, se deparar com alunos com necessidades especiais foi um “baque”. O não saber como agir e se portar do primeiro momento aos poucos foi se tornando um aprendizado de coletividade e pensar no próximo, como, por exemplo, falar menos em aula, já que isto pode atrapalhar a compreensão da aula por parte dos deficientes visuais.

Logo perceberam que os limites físicos não os tornam pessoas diferentes, pois possuem sonhos, desejos e potenciais assim como qualquer outro adolescente.
Para a professora Quelen, a inclusão não significa que os professores devam modificar completamente suas aulas, mas sim adaptar alguns recursos de forma a se tornarem mais acessíveis, ação a qual ela desenvolve junto aos professores. Há uma troca, pois muitas das soluções encontradas na sala multifuncional podem auxiliar todos os demais alunos.

A tecnologia também auxilia. O uso de softwares que permitem a leitura da tela do computador, comunicadores instantâneos via web, entre outros, permitem uma comunicação mais ampla e para além do tempo da sala de aula.

Conviver e conhecer as necessidades e as possibilidades das pessoas com necessidades especiais é a melhor forma de superar estas barreiras. Contra o preconceito o conhecimento é o melhor remédio.

Pessoas como a professora Quelen, os alunos Giovana e Guilherme, e o fundamental apoio como o que encontraram no colégio Dom Pedro II, na pessoa da diretora Ruthi Mara Trentin Moraes, demonstram que a inclusão não é apenas uma possibilidade, mas já se concretiza, entre outros, na sala multifuncional.

O NRE Curitiba parabeniza a professora, os alunos e a escola por este belíssimo exemplo de dedicação à educação e ao próximo.
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