NRE Cornélio Procópio

09/05/2018

Alunos do Colégio João Turin – Ensino Fundamental e Profissional, de São Sebastião da Amoreira-PR, realizam visitas às Igrejas orientais de Assaí-PR.

No dia 28 de março, alunos do 7º Ano A, do período da manhã, iniciaram um projeto de visitas a templos religiosos de origem oriental, com o tema: A diversidade religiosa de Assaí-PR. As professoras das disciplinas de Ensino Religioso Miriam Lopes e Geografia Elizeth Souza organizaram o projeto.
O município de Assaí, tendo em vista a sua colonização japonesa, apresenta uma diversidade religiosa expressiva. Com a chegada dos migrantes japoneses, também vieram as suas religiões e crenças, estas ainda muito difundidas entre a população. A exemplo, temos: a Igreja Tenrikyo Três Barras, a Igreja Budista, que é a mais antiga do Paraná em atividade e se destaca por sua arquitetura em estilo japonês, apresentando uma construção de madeira em ótimo estado, a Igreja Messiânica e a Igreja Seicho no Ie.
O principal objetivo desse projeto foi que o aluno percebesse a diversidade religiosa, considerando uma única cidade. Assim, a sua percepção tende a ficar mais apurada em relação ao local e ao global, bem como lhe é possibilitado receber informações dos líderes religiosos dos templos visitados, valorizar e respeitar outra cultura e outros credos religiosos, entender que a laicidade do Brasil faz-se importante no quesito expressões religiosas, compreender que o Brasil não é um país exclusivamente cristão, aprender que a religião é primeiramente algo cultural, ou seja, cada país possui as suas particularidades religiosas, entender que as religiões de origens orientais de Assaí não foram todas fundadas no Japão, mas algumas foram criadas em outros países asiáticos, aprender a tolerar e a respeitar o outro e o diferente e exercitar os sentidos do corpo: ver, ouvir, sentir, observar e praticar.
A primeira Igreja que visitamos foi a Tenrikyo:

Foto 1

Alunos do 7º Ano A em frente à Igreja Tenrikyo com a Senhora Yaeko, que palestrou por cerca de uma hora sobre educação e fé religiosa
Fonte: Miriam Lopes

Tenrikyo é o ensinamento de Deus-Parens, Tenri-Ô-no-Mikoto, que criou este mundo e os seres humanos com o desejo de compartilhar o viver alegre e feliz entre todos, para que se ajudem mutuamente em harmonia. Deus-Parens é o Parens de toda a humanidade e nós somos os seus filhos, portanto, todos irmãos. Quem fundou a Igreja Tenrikyo foi uma mulher japonesa chamada Miki Nakayama, cognominada de Oyassama pelos seus seguidores. Segundo a doutrina da religião, Deus revelou-se ao mundo através de Oyassama, tomando esta como seu sacrário no ano de 1838. Ela passou, então, a transmitir a intenção divina por meio de suas palavras e escritas. Seus seguidores acreditam que Oyassama trabalha eternamente viva, orientando todos os seus filhos.
A responsável pela Igreja Tenrikyo de Assaí tem 80 anos e, com a sua família, administra a Igreja. Ao nos receber, a Senhora Yaeko preparou uma palestra educativa para os alunos e apresentou algumas cerimônias e crenças praticadas nos encontros religiosos. Os alunos tiveram a oportunidade de tocar e pegar alguns instrumentos, sendo estes divididos por gênero: os instrumentos à esquerda são tocados por homens e os instrumentos à direita são tocados por mulheres. As oferendas de comidas aos mortos, à fundadora Oyassama, são feitas todos os dias. Percebemos muita reverência no que tange à religiosidade e respeito para com todos os outros credos, mas não nos foi permitido fotografar a parte interna do templo.

Foto 2

Senhora Yaeko com a aluna Camilli Calixto em frente à Igreja Tenrikyo
Fonte: Miriam Lopes

A segunda visita foi ao templo budista, o mais antigo do Brasil. O monge responsável veio do Japão e é de família tradicional de monges. Há três anos, ele está no Brasil, mas, na direção do templo de Assaí, desde setembro de 2017. Como ainda não domina o idioma português, foi preciso chamar um tradutor, o Senhor Mario Hirakuri, morador da Seção Cabiúna, atleta sênior competidor em nível mundial e pessoa de grande estima e destaque na colônia japonesa de Assaí.
O monge, com apenas 25 anos, falou sobre vários assuntos e respondeu a muitas indagações dos alunos, explicou a história do budismo, os rituais religiosos, as crenças, e o mais curioso é que, em uma de suas falas, ele disse que não sabe nada sobre Jesus Cristo, pois Buda é anterior a Jesus, ou seja, aqui desmistifica um pensamento bastante comum; alguns de nós acreditam que todos já ouviram falar sobre Jesus Cristo; no nosso cotidiano, predomina o cristianismo; ouvir isso de um líder religioso é por hora curioso, digno de grande reflexão.
A religião budista foi fundada na Índia, no século VI a.C., pelo Buda Shakyamuni. O Buda Shakyamuni nasceu ao norte da Índia, como um rico príncipe chamado Sidarta. Os seguidores do budismo acreditam que Buda foi um ser humano que alcançou a iluminação por meio de sua própria prática, sendo a encarnação de todas as virtudes que pregava, traduzindo em ações suas palavras. O Buda foi um grande professor. Ele ensinou que todos os seres vivos possuem Natureza Búdica idêntica e são capazes de atingir a iluminação através da prática. Se todos os seres vivos têm o potencial de tornarem-se iluminados, são todos, portanto, possíveis futuros Budas. Apesar de haver diferentes práticas entre as várias escolas budistas, todas elas abraçam a essência dos ideais do Buda.

Foto 3

Alunos do 7º Ano A, professora Elizeth, pedagogas Maria Aparecida Leandro e Dirce Nery, com o Monge e com o Senhor Mario Hirakuri
Fonte: Miriam Lopes


Foto 4

Vista do altar do templo budista; da esquerda para a direita: pedagoga Maria Aparecida Leandro, professora de Geografia Elizeth Souza, Monge budista, professora de Ensino Religioso Miriam Lopes, Senhor Mario Hirakuri e pedagoga Dirce Nery
Fonte: Alunos


Foto 5

Vista parcial do templo budista
Fonte: Miriam Lopes


Foto 6

Sino do templo budista
Fonte: Elizeth Souza


A terceira visita do dia 28 de março foi à Igreja Messiânica, onde a Senhora Eliza Shimabukoro nos recebeu com muita alegria, palestrando e respondendo a dúvidas dos nossos alunos sobre a fé messiânica. Segundo nos contou, a Seicho no Ie foi fundada no Japão, por Masaharu Taniguchi, em 1930. Os seguidores pregam o amor e que todos são filhos de Deus, que o mundo da matéria é projeção da mente e também nos revela qual é a nossa verdadeira natureza. É uma filosofia que transcende o sectarismo religioso, pois afirma que todas as religiões são luzes de salvação que emanam de um único Deus. A Seicho-No-Ie pode ser considerada uma filosofia de vida e também uma religião; não há rigidez de conceito nesse sentido. Ela tem como objetivo despertar no coração das pessoas a verdade de que todos são filhos de Deus e fazer com que, através de atos, palavras e pensamentos, tornemos este mundo um mundo melhor. Aqueles que praticam os ensinamentos da Seicho-No-Ie aprendem a reconhecer sua verdadeira natureza de filhos de Deus e, em conseqüência disso, começam então a ocorrer fatos milagrosos, como a cura de doenças, reconciliação de lares em desarmonia, exteriorização de grandes talentos, êxito profissional, solução de problemas econômicos e amorosos etc.
Uma prática muito interessante realizada com os alunos foi a prática do riso. A palestrante pediu aos alunos que se levantassem e colocassem um dedo no umbigo, e ela foi falando palavras positivas. A última foi dita assim: alegria infinita, manifesta-se! Em seguida, ela começou a rir e todos os alunos riam também. Foi muito interessante.


Foto 7

Responsável Eliza Shimabukoro posa para fotos com alunos e professores.
Fonte: Desconhecido


Foto 8

Vista frontal do Templo religioso da Seicho no Ie
Fonte: Matteus Hermany

O Ensino Religioso deve nortear-se pelo pluralismo cultural e religioso. Seu ambiente é a escola aberta a todos. Tem por objetivo a educação da religiosidade e do saber religioso como patrimônio cultural da humanidade, a serviço da humanização da vida. Seu conteúdo é a vida do ser humano em todas as suas dimensões, cujo centro de sentido é o transcendente, que se faz experiência, é a história em todas as culturas, em todos os tempos.
Após as visitas, os alunos realizaram algumas atividades para expressarem o que entenderam. Algumas falas são muito interessantes, pois podemos perceber que algo bom lhes foi incutido, que novos aprendizados farão parte da vida deles.
A aluna Natalie C. Peixoto Alves, ao escrever a sua opinião sobre o trabalho de campo, respondeu da seguinte maneira:


Foto 9

“Eu gostei muito! Aprendi novas coisas, na igreja Seicho no Ie nos aprendemos que a felicidade é muito importante e que devemos ser felizes a todo momento. Eu levei a frase da ministra da Igreja Tenrikyo eu disse ‘acordar cedo, ser honesto e trabalhar’ para a minha vida”


Foto 10

Já a aluna Jhenifer Beatriz da Silva disse:

“Eu gostei muito, eu aprendi a respeitar as religiões das outras pessoas. Aprendi outras coisas que eu não sabia, que se alguém me perguntasse, eu não saberia responder, mas agora saberei”



Foto 11

O aluno Cauã dos Santos Alcantara, ao responder quais são as principais diferenças entre a sua fé religiosa e a crença das igrejas visitadas, escreveu:


“Minha religião acredita que Jesus Cristo vai voltar e trazer os entes queridos que já faleceram e a deles são diferentes, eles fazem oferendas para os mortos”.



No próximo texto, trataremos da quarta igreja visitada e concluiremos o Projeto Diversidade Religiosa de Assaí - PR. A riqueza de informações é tamanha que não temos como socializá-las em tão poucas linhas, mas acreditamos, pela avaliação e pelo trabalho realizados com os alunos, que alcançamos os objetivos desse projeto, e o principal deles é o RESPEITO e a TOLERÂNCIA para com todas as religiões e credos diferentes dos nossos.
Agradecemos a direção do Colégio João Turin, na pessoa da Diretora Exilaine Gaspar, por ter nos apoiado e não ter medido esforços para nos ajudar, assim como o Senhor Prefeito Ademir Lourenço Gouveia que gentilmente cedeu ônibus do município para transportar nossos alunos para a cidade de Assaí.

Fonte: Miriam Lopes